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Quando a primavera passa por entre os residentes do lar

A presença de jovens no Lar da Bafureira durante o período de Verão tem vindo a ser uma experiência muito positiva ao longo dos últimos 4 anos. Estas iniciativas permitem estimular a relação entre gerações e proporcionar novas experiências aos jovens ocupando o tempo de uma forma diferente. Com os jovens, os residentes puderam participar em jogos, passear no jardim, conversar, ver filmes antigos portugueses, executar trabalhos manuais e até, as senhoras, puderam ter uma sessão de manicure! As atividades desenvolvidas promovem o convívio, a estimulação, e contribuem para o aumento da autoestima de todos os envolvidos.

Neste ano, estiveram no Lar durante o mês de julho duas jovens do Projeto Cultura Social (da CMC) e seis voluntários missionários do Projeto SABI na primeira quinzena de agosto.

A relação que se vai criando entre os jovens e os residentes é muito interessante. Verifica-se o desenvolvimento de um carinho mútuo, uma melhor compreensão das experiências de vida e um maior respeito pelo outro.

Três testemunhos contam como foi sentido e passado este tempo em conjunto.

Texto e fotografia: Inês Melo - Psicóloga Clinica no Lar da Bafureira

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Um agradecimento aos jovens

É a primeira vez que colaboro para uma newsletter. O meu nome é Maria Luiza Teixeira Queiroz Branco. Tenho 90 anos, nasci em Lourenço Marques, Moçambique.

No mês de julho e agosto tivemos a presença de vários jovens que aqui estiveram connosco, no nosso Lar.

Ficamos muito sensibilizados com a atitude destes jovens porque estavam todos de férias. Não foram à praia ou a festas para estarem connosco. É de louvar o seu gesto.

As duas jovens, Sofia e Joana, do Projeto da Cultura Social da CMC trouxeram um pouco da sua alegria aos idosos do Lar da Bafureira. Andaram connosco, mesmo quem já tem dificuldades de andar foi até ao jardim, deram de comer a quem precisava de ajuda, falaram connosco, fizeram jogos lá fora, enfim, foi muito bom estarem cá. Vinham cá ao Lar todos os dias, não me recordo quantos foram, cerca de um mês, o que para nós foi muito bom. Não podem avaliar o que para nós, os idosos, representa estarmos ao pé desta juventude!

Também aqui estiveram os voluntários do Projeto SABI: a Maria, a Sara, a Sofia, a Inês, a Maria Pedro e o Afonso. Estiveram cá durante duas semanas. Eles, para nós estarmos ocupados, trouxeram tudo: vasos, terra, pincéis, tela, papel de cor para fazermos flores… Uma das meninas tocava viola e todos cantavam. Vimos dois filmes que puseram a passar (A Canção de Lisboa e a Aldeia da Roupa Branca) que eu, com os meus 14 anos já tinha visto e que para mim foi bom recordar. Na véspera de irem embora, dançaram e o pessoal cá da casa também. Na última noite, enquanto nós dormíamos elas enfeitaram a sala com as flores de papel. Quando acordámos tínhamos a sala linda! Gostei imenso.

É o que nós, residentes, precisamos, de ter animação aqui no nosso Lar. Até pareceu que a Primavera cá esteve! Não me canso de agradecer aos jovens. Voltem sempre, não se esqueçam de nós que estamos muito agradecidos!

Maria Luiza Branco, 90 anos – residente do Lar da Bafureira

 

Um mês diferente no Lar da Bafureira

Nestas férias queria fazer uma coisa diferente e ter novas experiências, por isso decidi candidatar-me ao projeto “Cultura Social” da Câmara Municipal de Cascais. O meu objetivo era ser chamada para uma instituição, onde pudesse contactar e cuidar de idosos. Fiquei muito contente ao ser escolhida para o Lar da Bafureira, e aceitei sem hesitações, pois pretendia trabalhar nesta área e perceber se é uma opção para o meu futuro.

No Lar da Bafureira tive a oportunidade de conviver com um modo de vida ao qual não estou habituada no local onde cresci. Apercebi-me de que com a presença de pessoas diferentes no lar, os utentes sentem-se bem, conseguem partilhar recordações e reviver momentos das suas vidas. Contudo, cada um precisa de atenção e dedicação. E quando lhes proporcionamos isso, eles ficam realmente felizes por terem ali uma pessoa que quer ouvi-los e aprender com as suas histórias. Com um simples passeio pelo jardim do lar ou mesmo com um jogo de dominó, por vezes, alegremente competitivo, eles revelam gosto e conseguem não só sair do seu sítio habitual, mas também reavivar a memória.

O mês que estive no Lar da Bafureira, com os seus funcionários, colaboradores e toda a equipa, serviu-me para ganhar experiência e para aprender muito. Em especial, que com um sorriso ou uma pequena conversa, conseguimos conquistar os utentes, ajudando-os a ficar mais animados e felizes.

Joana Costa Seixas, 15 anos - participante do Projeto Cultura Social

 

Duas semanas marcantes

E é ao chegar a casa depois de vir a ouvir fado no rádio que recebo o pedido para dar o meu testemunho acerca da estadia do Projeto SABI no lar da bafureira este ano. Não há fado que não me faça lembrar as tardes no lar da bafureira, e recordo sempre esses dias com muito carinho, talvez por isso tenha ganho o gosto pelo fado… Mas não venho falar sobre esse tipo de mudanças que a estadia no lar me trouxe… Venho falar sobre as pequenas coisas que se foram transformando no meu interior, a partir do momento que entrei no lar, até hoje…

Lembro-me de em meados de Julho ir acompanhar a Maria, chefe de missão, ao lar para apresentar à Dra. Inês as atividades que pretendíamos fazer nas duas semanas que iríamos ficar no lar. Senti que a minha timidez trespassou insegurança para a Dra. e fiquei com vontade de mostrar que faria tudo para que a minha missão ali corresse o melhor possível. Como havia de dizer-lhe que não trazia espectativas, e que o que queria mesmo era deixar-me surpreender, sem parecer uma maluca? Mas assim foi… Surpresa, alegria, vontade e carinho talvez sejam as palavras que melhor descrevem a experiência que passei no lar.

Chegámos no dia 1 de Agosto ao Lar da Bafureira, o Afonso, a Sofia, a Inês, as duas Marias e eu. Apresentámo-nos e tentámos começar logo a aproveitar ao máximo aquelas duas semanas que foram passando cada vez mais depressa.

E começaram as atividades: plantar hortelã e outras coisas, pintar com pinceis, fazer construções de barro, criar porta-chaves e até cintos com trapilho, passear pelo jardim, acompanhar a aula de ginástica, proporcionar sessões de cinema, animar o terço da sexta-feira, fazer o nosso grande mural, muita dança e muita mas muita música!

Sinto que, depois das duas semanas, saí de lá com mais trinta avós, que levo sempre no coração. Não é possível descrever a alegria e energia que este lar tem. Senti-me para trás assim que na aula de ginástica as minhas novas avós faziam mais do que eu! E a incansável e elástica Dona Pina, que não perde uma oportunidade para dançar com toda a sua alegria! A Dona Luísa que com os seus textos e talento para a escrita dá vida às paredes do lar! A Dona América nomeada melhor cantora de fado! A Dona Helena a mais brincalhona, mas ao mesmo tempo com tanto carinho para dar. A Dona Zezinha, que com a sua paciência e ternura nos ensina tanta coisa sem saber… A Dona Conceição que nos ensina a ver todas as pessoas com bons olhos. A Dona Clara que nos ensina a ver o lado positivo em qualquer circunstância. A Dona Otília sempre atenta. A Dona Alice sempre sorridente. O Senhor Eugénio que nos comove em cada poema que cita. A Dona Virgínia que alegra toda a gente onde quer que passe. A Dona Bárbara sempre disponível. A Dona Lourdes que não esconde mais o seu coração mole...

Senti-me tão bem no lar, aqueles dias, que trago comigo muitas saudades… Senti-me acolhida de uma maneira que nunca tinha sentido, uma preocupação genuína, um carinho e dedicação que me emociona. Mesmo a engordar a cada refeição tinha sempre uma avó que tinha medo que não estivéssemos a comer bem!

Todos os momentos contam até o tempo passado a ajudar nas refeições, e mesmo sem atividades conseguíamos aproveitar a conversa para aprender sempre alguma coisa.

No lar eu aprendi que não há maior virtude que a verdade. Pretendemos todos na nossa vida sermos felizes. E todos os gestos, todo o amor que sentimos, se for com verdade fará sempre sentido. Aprendi que abaixo da verdade está a paciência, com a qual tudo se consegue, que nos permite olhar, como muitas Senhoras, com bons olhos para as circunstâncias e para as pessoas, a virtude que nos permite levantar a cabeça perante as desgraças e saber reconhecer o Dom da Vida. E ainda o amor… Não só uma virtude, mas a base de tudo… Pelo qual racionalmente uma pessoa se dá, mas sem se aperceber emocionalmente já está a receber. E é tão bonito ver como tudo na natureza parece que se compõe quando as pessoas se entregam e aceitam o que vem dos outros e tudo se alinha, tudo se transforma e tudo encaixa quando tomamos consciência que estamos felizes, por fazermos os outros felizes.

Sara Oliveira de Lima e Santos, 19 anos – voluntária missionária no Projeto SABI

 

O SONHO DE CHEGAR A TODOS

Viajamos por lugares da diocese de Lisboa, paróquias, centros sociais, falamos de jovens, seminaristas, idosos, samaritanos, e até de uma quinta, e destacamos a qualificação patriarcal da diocese.

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NO CAIR DAS FOLHAS DO OUTONO

Uma crónica do percurso espiritual de uma extraordinária santa, a força poética de um escritor premiado e a história de um militar feito funcionário da CIA.

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“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja enferma pela oclusão e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças.”

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A Cáritas não desiste da paz na Síria, e acredita que onde a politica tantas vezes fracassa, a força da fé e oração pode conseguir transformar conflitos em comunhão, e pôr fim à guerra.

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REDE DE SERVIÇOS

Com o apoio de empresas e outras entidades, a Cáritas de Lisboa e a Pastoral Familiar do Patriarcado desejam ser hoje o alicerce de uma rede alargada de serviços a favor da família.

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A ALEGRIA DE PAIS E CRIANÇAS

Com o fim do verão e o início um novo ano escolar, as famílias mais carenciadas chegam a desesperar por não conseguirem equipar devidamente os filhos para a escola. Os custos com os livros e material escolar são sempre enormes, e por isso todo o apoio é bem vindo.

Boa prática

CREDIBILIDADE E EXIGÊNCIA

As famílias da diocese têm hoje um novo apoio, Famílias comVida, um projeto com sede em Carnide, criado em parceria pela CDL (organização recentemente certificada pela Apcer) e pela Pastorial da Família do Patriarcado.

Pontos altos

VIAGEM DE CLIQUES PELA CDL

Entre nesta viagem de cliques e conheça com algum detalhe o que ocupou a CDL neste penúltimo trimestre de 2016. O Verão também foi de férias, mas a casa esteve sempre repleta de tantas e alegres iniciativas, e os jovens voluntários, nacionais e estrangeiros, brilharam como sempre.

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Cáritas Diocesana de Lisboa
Av. Sidónio Pais, 20, 5 Drt
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