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Queríamos ser “sacramento da presença”

O DOBPA (“dividir o bem pelas aldeias“) é uma pequena iniciativa de acolhimento de refugiados. Terminada a recolha de fundos necessários, um grupo de cinco mulheres, três profissionais de saúde e duas juristas, do Norte, de Alcobaça e de Lisboa, oferece, em Junho de 2016, quinze dias das suas férias aos refugiados apoiados pela Caritas da Jordânia. Viver por aquelas pessoas, ainda que só por quinze dias, era uma ideia fascinante!

Na Jordânia residem atualmente mais de um milhão de refugiados, devido à sua fronteira com a Síria, a nordeste e, com a Palestina, a oeste.

Totalmente imprevista a coincidência da nossa viagem com o Ramadão, que tinha iniciado dois dias antes. Durante 40 dias, a vida daquelas pessoas segue um ritmo inverso: jejuar e repousar durante todo o dia e logo que o sol se põe, começa a atividade normal. O chamamento dos fiéis à oração, amplificado a partir dos minaretes de todas as mesquitas da cidade a determinadas horas do dia, enchia a atmosfera de uma densidade indescritível.

É difícil exprimir, em poucas frases, tudo o que experientámos e vivemos naqueles dias tão breves: o primeiro impacto com o médio oriente, com a língua e a cultura árabes, com o Islão praticante, com a realidade viva dos refugiados e dos cristãos perseguidos - por quem gostariamos de fazer muito mais...

Quase todos os dias trabalhávamos no Restaurant of Mercy, uma cantina social da CARITAS que prepara cerca de 300 refeições por dia. Entre os colegas da equipa permanente da cozinha, uma grande diversidade: um iraquiano refugiado, católico de rito caldeu, uma armena refugiada, católica de rito armeno, um egípcio católico de rito copta, a chefe de cozinha, síria, uma jordana e outros tantos de passagem: voluntários jordanos, escuteiros da paróquia local, uma americana, crianças, sacerdotes, religiosas de várias nacionalidades que, à vez, passavam para ajudar.

Havia sempre muita loiça para lavar manualmente, muitos frangos para preparar, limpezas, arrumações... Que desafio trabalhar numa cozinha onde niguém sabe inglês, ou francês, ou qualquer outra língua que não seja árabe! A linguagem gestual, a expressão facial, o desenho, a perseverança em tentar aprender os procedimentos observados e, por vezes, um abraço, eram os nossos principais instrumentos de comunicação.

Cerca de uma semana mais tarde, o grande anúncio: a rainha Rania, da Jordânia, virá visitar alguns centros da CARITAS e também o Restaurant! Um dia intenso de limpezas, a vistoria prévia dos guardas reais, a presença da comunicação social, as funções de cada um, previamente definidas..., tudo a postos para o grande dia! Que sorte! Três de nós foram apresentadas enquanto voluntárias e, pudémos comprimentá-la pessoalmente, com algumas palavras e um aperto de mão! 

Já na downtown, situa-se o centro médico da CARITAS, onde também pudémos ajudar alguns dias. Ali, acorrem diariamente, em média, uma centena de refugiados, que procuram apoio médico específico ou vêm para consultas de rotina. Não têm outro meio de pagar as despesas médicas e medicamentosas, os exames, as consultas pré-natais ou de especialidades, se não for a CARITAS a apoiá-los.

Que desejo imenso me assolou, naqueles dias, de ser médica! Para que aquelas pessoas não estivessem tantas horas à espera... Apenas um ou dois médicos e, uma enfermeira, não davam vazão a tanta gente!

Apesar de sermos uma pequena gota no oceano, sentíamos que a nossa vinda era já um motivo de alegria e esperança para vários; um refugiado sírio disse-nos isso mesmo. Mais do que fazer a diferença, queríamos ser “sacramento da presença”, lado a lado com eles, sentir o mesmo que sentem, viver o que vivem.

Aterrar novamente em terras lusas, duas semanas depois, era uma experiência igualmente forte. Sentíamos que já não éramos as mesmas. Tudo tinha um novo significado, mas o apelo interior de contruir um mundo mais unido, mantinha-se, agora com a alma alargada e com uma fé reforçada pelo exemplo dos nossos irmãos cristãos do médio oriente.

Texto e fotografia: Ana Rita Sousa (Alenquer) com Catarina Soares (Espinho), Sofia Chaves (Braga), Inês Correia (Alcobaça), Ana Cristina Figueiredo (Lisboa)

 

 

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