Uma casa onde a alegria se cozinha todos os dias
Quem já viveu no continente africano consegue imediatamente perceber que a Casa da Alegria, uma iniciativa da Associação Porta do Mais, oferece aos africanos que a habitam, por um curto período tempo, uma verdadeira extensão do ambiente familiar que deixaram no seu país de origem. De facto, mais que o interior de si mesma, a casa africana é sobretudo o espaço aberto à sua volta, onde sentados no chão ou debaixo de alguma árvore, mães com filhos e familiares próximos convivem, partilham comida, histórias e tarefas sem grandes preocupações de agenda ou de tempo.
Resultante de um protocolo de cooperação celebrado em 2007 entre o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACICI) e o Instituto da Segurança Social (ISS), a Casa da Alegria tem sido expressão da realização de um Programa de Apoio a Doentes Estrangeiros (PADE). Das iniciais seis casas de acolhimento de doentes e acompanhantes muito pobres oriundos dos PALOP, apenas duas se mantêm em funcionamento, entre elas a Casa da Alegria.
Inês Ramirez, responsável pelo projecto, estima que desde o início, cerca de 150 pessoas (mulheres e crianças) já beneficiaram do apoio da Casa da Alegria. A quem chega, ao abrigo de acordos de cooperação entre Portugal e os PALOP, a Casa oferece alojamento, alimentação, apoio medicamentoso,e deslocação aos locais de cuidados de saúde.
Mas nem tudo é fácil, quando, por estranho que pareça, os acordos entre partes ficam por cumprir.
Com lotação para 15 pessoas, a Casa, que apenas acolhe mulheres e crianças, está neste momento com 17 pessoas. 9 são de São Tomé, 7 da Guiné-Bissau e 1 de Moçambique. Sem que precise de se divulgar como resposta, são sempre muitas as pessoas que a procuram a precisar de alojamento e cuidados médicos. A Casa esforça-se sempre por acolher o maior número de pessoas, excedendo sempre a sua lotação máxima, mas permanecem dificuldades, que sem que se resolvam, impedem uma menos atribulada gestão da vida quotidiana.
O espaço faz parte de um imóvel a uso de uma congregação religiosa e precisa de algumas obras. Por outro lado, se não fossem os apoios como o, o do Banco Alimentar, do Continente, da Cáritas Diocesana de Lisboa e da Associação Dom Pedro V as dificuldades seriam muito maiores.
Outras despesas também se conseguem saldar com a ajuda do aluguer do jardim e espaços para festas de aniversário e outros encontros, e também da venda de alguns artigos de costura confecionados pelas residentes, durante as horas do dia.
Mas faz sempre falta o arroz, o leite, o peixe e a carne; pessoas que possam levar os doentes ao hospital para tratamento, outros que possam ir buscar alimentos ao Banco Alimentar e Continente, construtores, pintores de paredes, e alguém que percebesse de tecnologias de informação e pudesse fazer actualizações no site e facebook da organização.
Uma outra dificuldade tem a ver com os recursos humanos. Para além da Inês Ramirez, com funções de Directora, a Casa conta apenas com uma técnica, a Irene Appleton e 3 regulares voluntárias, entre elas a Paula Fonseca, no apoio administrativo.
Como acontece com tantas organizações, de quem nem sabemos o nome, a alegria desta Casa é um autêntico milagre, não só porque escassos recursos fazem por muitos, mas porque as graves doenças dos residentes conseguem mesmo assim exibir genuínos e sorridentes rasgos de esperança - não fossem estas pessoas os pobres africanos que o triste e opulento mundo ocidental viu sempre sorrir de forma surpreendente.
Com o estatuto de IPSS, recentemente atribuído, a Casa da Alegria espera finalmente celebrar acordos que lhe permitam beneficiar de um suporte que possa garantir uma melhor e mais estável actuação à organização.
Texto: CDL; fotografia: Casa da Alegria
CASA DA ALEGRIA
A alegria desta casa é um autêntico milagre - não fossem estas pessoas, os africanos pobres que o triste e opulento mundo ocidental viu sempre sorrir de forma surpreendente.
MUITO ENVOLVENTE E MARCANTE PARA MIM
Trabalhei como voluntária no Lar da Bafureira. O meu voluntariado baseava-se em realizar quinzenalmente, com um grupo restrito de idosos, sessões de desenvolvimento humano através das artes expressivas.
O SONHO DE UM TABLET
O pequeno Paulo Alexandre sonhava em ter um tablet para se entreter e cultivar enquanto faz tratamentos no IPO.
Acha que o sonho se tornou realidade?
CÁRITAS PORTUGUESA NO LÍBANO
No Líbano, a Cáritas Portuguesa vai apoiar sírios, iraquianos e libaneses, num total de 930 pessoas que estão no local há 4 anos. A intervenção terá a duração de seis meses (de Janeiro a Junho 2016), e um custo estimado de 100 mil euros.
BREVES DA DIOCESE
Um livro que torna vivas as recordações, uma loja cheia de sorrisos e uma mercearia que não desiste do dieito à alimentação.
UM FILME, UM LIVRO, UMA EXPOSIÇÃO
De toda a riqueza cultural de 2015, aqui ficam três propostas de grande relevo.
... E PAZ NA TERRA
Mesmo nos serviços em que sua continuidade se afigura ilusoriamente permanente, a realidade é descontínua, surpreendentemente outra. Esta é de facto a dinâmica de uma organização que manifesta na sua ação a força criadora do nome-pessoa da qual nasce: Jesus de Nazaré.
CÁRITAS VAI AO ENCONTRO
Sair, sair, sair, indo sempre ao encontro da vigararia, paróquia, Cáritas local, voluntário... da pessoa ou família mais vulnerável e necessitada.
Saiba mais.
ATRAVESSAR A PORTA SANTA
"Atravessar hoje a Porta Santa compromete-nos a adoptar a misericórdia do bom samaritano.”